Com os preços altíssimos de aluguel em Dublin, muitos moradores optam por morar em regiões mais afastadas para economizar nos gastos com moradia. Mas será que a economia compensa?
Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Social da Irlanda (ESRI), o longo deslocamento até o trabalho pode ter efeitos negativos no bolso, no bem-estar e no meio-ambiente.
Ao escolher um lugar para morar, é preciso considerar não só o valor do aluguel, mas também os gastos com transporte. Em Dublin, o preço da passagem em trens e ônibus é proporcional à distância percorrida, ou seja, quanto maior o trajeto, mais cara a tarifa. A tarifa do Dublin Bus varia de €1,50 (para até 3 paradas) a €2,60 (para mais de 13 paradas) usando o Leap Card. No Luas, a passagem varia de €2,10 (para 1 zona) a €3,30 (para 8 zonas). A diferença parece pequena, mas pode adicionar mais de €50 no orçamento mensal de quem trabalha de segunda a sexta.
O preço da passagem para outras cidades da região metropolitana – como Ashbourne, Navan e Drogheda – pode variar de €10 a €15 (ida e volta). Caso a única opção seja usar o carro, os gastos ficam ainda mais altos – combustível, pedágio, seguro, manutenção, estacionamento, etc.
Também é preciso considerar o tempo gasto no deslocamento. Dublin tem o quinto deslocamento mais demorado da Europa, atrás de Budapeste, Paris, Amsterdam e Londres. O tempo médio gasto para chegar ao destino é de quase 1 hora, segundo pesquisa da Eurofound, mas algumas pessoas podem levar até duas horas. Para piorar, nem sempre é possível tornar a jornada produtiva, já que ônibus e trens lotados são comuns, sendo difícil abrir um laptop ou fazer o tema da faculdade, por exemplo.
O estudo também revela que há uma relação direta entre o aumento dos aluguéis e deslocamentos mais longos. A cada 10% de aumento nos aluguéis, o tempo médio de deslocamento nacional cresce 0,6 minutos.
Para os especialistas, o trabalho remoto pode ajudar a melhorar as condições de moradia e transporte no futuro. Com a maior aceitação do home office pelas empresas e a mudança causada pela pandemia, os trabalhadores podem escolher morar em regiões mais afastadas, sem a necessidade de deslocar-se para o trabalho diariamente. Como já mostramos, mais de 80% dos irlandeses preferem continuar trabalhando em casa mesmo após o fim da pandemia, pelo menos em alguns dias da semana. Vamos torcer para que a tendência siga crescendo!