Se você chegou até aqui, é porque sabe que a Ilha da Irlanda é repartida em duas nações distintas – a República da Irlanda, um país independente e soberano, e a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido – mas nem sempre foi assim.
Por muito tempo, a Irlanda esteve sob o domínio dos ingleses, mas existia uma grande diferença religiosa entre os países. A maior parte do Reino Unido era protestante, enquanto a maior parte da Irlanda era católica. Durante o século 17, na tentativa de ganhar mais controle, os ingleses enviaram protestantes para “colonizar” o nordeste da Irlanda, expulsando os católicos para outras regiões da ilha. Aos poucos, a região foi se tornando majoritariamente protestante, o que acirrou a divisão entre a população irlandesa.
Os unionistas, de maioria protestante, apoiavam o Império Britânico e queriam manter a união com os ingleses. Eles se concentravam na província de Ulster (atual Irlanda do Norte) e muitos eram proprietários de terra, donos de negócio e empregados de grandes indústrias. Eles achavam que a independência da Irlanda era uma ameaça à sua religião ao desenvolvimento econômico da região.
Já os nacionalistas, de maioria católica, queriam o fim do domínio dos ingleses e a independência total da Irlanda. Ao contrário da província de Ulster, que era rica e industrializada, a maior parte da Irlanda era pobre e rural, e muitos culpavam os ingleses pelo subdesenvolvimento da ilha. Além disso, a Irlanda tinha sua própria língua e costumes.
Se você conhece um pouco da história irlandesa, sabe que existiram várias tentativas de independência ao longo do tempo, mas nenhuma deu certo. Isso começou a mudar no início do século 20, com o fortalecimento do nacionalismo e o surgimento de grupos como a Irmandade Republicana Irlandesa (IRB) e o Exército Civil Irlandês, o que culminou na Revolta de Páscoa, em abril de 1916, quando um exército de republicanos se revoltou contra o Reino Unido – em plena Primeira Guerra Mundial. A rebelião não foi bem sucedida, deixando mais de 500 mortos, mas foi um passo importante para a Guerra de Independência, em 1919.
Após anos de conflitos e violência, a solução encontrada foi dividir a ilha em duas partes – o Estado Livre Irlandês (de maioria católica) e a Irlanda do Norte (de maioria protestante) – cada uma com parlamentos independentes. A Irlanda do Norte optou por continuar a fazer parte do Reino Unido, e a Irlanda foi, aos poucos, cortando os laços com os britânicos. Em 1949, foi proclamada oficialmente a República da Irlanda.
Acabou? Ainda não.
Tensões entre os nacionalistas e os unionistas continuaram nas próximas décadas, e os irlandeses nunca abandonaram a ideia de uma Irlanda unificada. Recentemente, com a saída do Reino Unido da União Europeia, o debate sobre a reunificação foi reacendido, mas isso é assunto para outro artigo!