A história do brasileiro Nivelton Alves de Farias foi tema de reportagem do Dublin InQuirer na última semana. O professor de geografia, natural de Goiânia, mora na Irlanda há quase 14 anos e ainda não conseguiu sua cidadania.
Logo após chegar em Dublin, em 2006, Nivelton fez um curso de inglês e, nos anos seguintes, teve diversos empregos – geralmente mal remunerados – para conseguir pagar seu aluguel e concluir seus estudos. Nivelton tornou-se fluente na língua e chegou a fazer um mestrado em sociologia na University College Dublin.
Mesmo após nove anos estudando e pagando impostos, Nivelton tentou mudar seu status para residente, mas seu pedido foi negado. Hoje, o brasileiro é estudante de doutorado no Trinity College Dublin e sonha em lecionar em uma universidade irlandesa, mas o caminho para a cidadania é longo e incerto. “Você pode pedir ao Ministério da Justiça para ficar, mas não há garantia”, disse Nivelton.
Uma das formas de obter a cidadania irlandesa é comprovando residência por, no mínimo, cinco anos no país. No entanto, a lei não considera os anos vividos como estudante na Irlanda, diferente de outros países como Suécia, Bélgica e Holanda. Isso dificulta a vida de imigrantes como Nivelton.
Para Pippa Woolnough, porta-voz do Conselho de Imigrantes da Irlanda (ICI), essa é uma questão que precisa ser discutida. Segundo ela, “não há motivos para estudantes de longo-prazo não terem seu tempo considerado”, ainda mais se considerarmos que todos possuem visto e contribuem para a economia trabalhando, pagando aluguel e impostos.
Para imigrantes altamente qualificados, como engenheiros, doutores e enfermeiros, o processo é mais fácil, já que é possível migrar para o visto Stamp 4 (de residência permanente) após dois anos de trabalho.
Mas, para outros profissionais, o tempo aumenta para quatro anos. Além disso, um visto de trabalho para trabalhadores não-europeus é mais caro e mais complexo para as empresas, que acabam preferindo contratar profissionais de outros países da União Europeia para diminuir custos e evitar burocracia.
“A Irlanda gosta de se promover como uma sociedade cosmopolita e aberta, mas na verdade é bem fechada”, disse Nivelton. “É bem possível que eu volte para o Brasil”.