Lucia Nezbalova, sobrevivente de um ataque brutal cometido pelo ex-companheiro e pai de sua filha, prestou depoimento emocionante durante audiência no Tribunal Criminal Central da Irlanda. Segundo o tribunal, Pedro Cifali, brasileiro de 37 anos e ex-morador de Blanchardstown, Dublin 15, rastreou o carro de Lucia com um dispositivo eletrônico antes de tentar matá-la a facadas na porta de sua casa, em Garnish Square, Waterville, no dia 10 de maio de 2024.
O detetive sargento Mark Murphy relatou que Lucia, de 43 anos, só sobreviveu graças à presença de uma médica que morava nas proximidades e ouviu os gritos de socorro, prestando os primeiros socorros até a chegada da ambulância. A relação entre Pedro e Lucia havia terminado apenas um mês antes do crime. Após o término, ele instalou o rastreador no carro dela, permitindo que a seguisse pela cidade.
No dia do ataque, câmeras de segurança flagraram Pedro perseguindo Lucia, disfarçado com boné, peruca loira e a barba descolorida, enquanto a seguia até o shopping Blanchardstown e depois até sua casa. Testemunhas perceberam o comportamento suspeito de Pedro e alertaram os seguranças do shopping, mas ele fugiu e foi para a residência de Lucia, onde aguardou sua chegada.
Ao chegar, Lucia foi surpreendida por Pedro, que disse: “Não se preocupe, só quero conversar”, mas imediatamente a atacou com uma faca, atingindo pescoço, costas, abdômen, braços e rosto. Os ferimentos foram tão graves que órgãos internos ficaram visíveis. Os médicos classificaram os ferimentos como potencialmente fatais. Lucia passou por cirurgia de emergência e segue em tratamento, com necessidade de novos procedimentos.
Pedro fugiu do local, mas se entregou à polícia na manhã seguinte, admitindo o crime durante interrogatório e demonstrando intenção de se declarar culpado desde o início do processo.
A promotoria afirmou que o crime está entre os mais graves do tipo, destacando o grau de planejamento, violência, risco de morte e o contexto de violência doméstica, sugerindo pena entre 15 e 20 anos. Pedro também responde por perseguição e porte de arma branca.
Lucia relatou o impacto devastador do ataque: além das cicatrizes e dores constantes, ela desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade severa e depressão, sendo obrigada a voltar ao trabalho antes de se recuperar totalmente — agora, como única provedora da família e sem apoio na Irlanda. Ela descreveu a dificuldade em cuidar da filha pequena e o medo permanente em sua rotina.
O juiz ouvirá alegações da defesa de Pedro em 20 de outubro antes de determinar a sentença