A jornalista Sorcha Pollak, do Irish Times, fez uma série de reportagens sobre a situação das comunidades de estrangeiros que vivem na Irlanda, entre eles, os brasileiros. Como já mostramos diversas vezes, estudantes internacionais estão passando por dificuldades que incluem desemprego, discriminação e falta de amparo das escolas e autoridades. Após as últimas medidas anunciada pelo governo, estrangeiros poderão permanecer no país, desde que estejam matriculados em um curso de inglês online.
O brasileiro Fábio Oliveira é um dos milhares de brasileiros estudando inglês online na Irlanda. O professor de filosofia do Rio de Janeiro trabalhava como chef em um café de Dublin antes de ser demitido durante a pandemia. Fábio, assim como muitos outros estudantes, reclama da péssima qualidade e do preço injustificável das aulas online.
“Não é justo considerando o valor que nós pagamos. […] Hoje participei de uma aula com 25 pessoas e a maioria não podia ligar o microfone porque havia muito barulho na casa”, disse Fábio.
Segundo o último censo, em 2016 havia 13.640 brasileiros vivendo na Irlanda – a maioria jovens, com idade média de 29 anos. Quase um quinto trabalha na indústria de alimentação, quatro vezes mais do que a proporção de irlandeses trabalhando no mesmo setor. Muitos vivem em acomodações compartilhadas e sofrem com a onda de demissões que atingiu a economia irlandesa durante a pandemia.
Outro brasileiro, Rodrigo Souza, diz que trinta pessoas da sua empresa foram demitidas. Ainda assim, muitos brasileiros optaram por ficar na Irlanda, considerando a situação péssima que o Brasil enfrenta durante a pandemia. “Muitos estudantes largaram seus empregos para vir até aqui, e provavelmente usaram todas suas economias para pagar pelo curso. Há muitos estudantes vivendo em acomodações superlotadas e sendo despejados. Tudo está muito incerto para eles”, disse Rodrigo.
No dia 8 de junho, estudantes estrangeiros organizaram um protesto online, pedindo um maior controle de qualidade das aulas online, reembolso de valores pagos para as escolas e a possibilidade de trabalhar 40h por semana durante o período de aulas.