Pergunte a qualquer irlandês o que é Leitrim, e observe a reação.
Assim como o estado brasileiro do Acre, o pequeno condado de Leitrim, no noroeste da Irlanda, é objeto de uma teoria da conspiração que se originou há décadas – a de que o lugar simplesmente não existe.
Alguns acreditam que Leitrim foi, no passado, uma civilização moderna, utópica, onde grandes experimentos científicos eram realizados. O local teria sido construído pelos maçons e ficava isolado do resto do país. Mas, durante a Guerra da Independência, os maçons supostamente fugiram do local e apagaram todos os seus rastros, temendo pela segurança da sua cidade e das suas descobertas científicas.
Outros acreditam que Leitrim foi criada na década de 70 pelo governo irlandês como uma forma de receber fundos da comunidade européia destinados a lugares pobres.
Isso tudo não passa de uma grande conspiração. A verdade é que Leitrim é um lugar esquecido e desprezado. O condado já chegou a ter cerca de 155 mil pessoas. Mas, devido à fome e à emigração, a população caiu drasticamente. Hoje, Leitrim tem apenas 32 mil habitantes e a maior cidade, Carrick-on-Shannon, tem menos de 5 mil (sendo que boa parte fica na divisa com Roscommon). Por isso, a probabilidade de você conhecer alguém de Leitrim é muito pequena, o que reforça as teorias conspiratórias.
Além disso, o condado tem menos de 5km de costa, o que significa que quem passa pela rodovia N15, de Sligo a Donegal, mal percebe que está passando por Leitrim.
Há alguns anos atrás, o jornal local – Leitrim Observer – publicou um artigo desmistificando vários equívocos sobre o condado, inclusive o mito de que não há semáforos em Leitrim (há dois).
Agora você já sabe: Leitrim existe e tem lugares lindos, como a Glencar Waterfall, que inspirou o escritor William Butler Yeats no seu poema The Stolen Child, e Eagle’s Rock, a torre de pedra mais alta da Irlanda, com 330m de altura.