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Brasileiros em Dublin vão pra rua em protesto contra violência urbana

Em 2018, a comunidade brasileira em Dublin ultrapassou a marca dos 15 mil, segundo o senso irlandês. Isso sem contar com os que possuem dupla cidadania (europeus) e os que não estão registrados (ilegais). A grande maioria desse público é estudante e trabalha duro para pagar as contas e ter um pouco de lazer.

Já não é novidade que, diferente de cidades menores do país, Dublin sofre altos índices de criminalidade e violência urbana. Claro que não se compara a índices brasileiros de crime com arma de fogo, mas turminhas de adolescentes armados com canivete, tomates e ovos podem tirar a paz daqueles que estão tentando buscar uma vida melhor na ilha esmeralda.

Brasileiros caminham ou pedalam diariamente de suas casas super lotadas até suas escolas de inglês e seus locais de trabalho – que muitas vezes são mais de um. Essa jornada diária muitas vezes inclui insultos como “voltem pro seu país, malditos turistas, etc”, acompanhados de ovadas, arremessos de tomate, farinha ou qualquer objeto que convier. Por muito tempo a comunidade brasileira se acostumou com a condição e com jeitinho acabava virando uma rua diferente ou evitando os pontos onde a prática era mais comum.

De uns tempos pra cá, o bullying diário tem tomado outras proporções e a violência urbana tem se tornado um fantasma que assombra vários tupiniquins. Algumas semanas atrás, um estudante paulista foi atacado brutalmente quando trabalhava de entregador de comida a noite em sua bicicleta de Deliveroo, o rapaz de 20 e poucos anos foi para o hospital em estado grave. O fato chocou a comunidade e foi destaque nos jornais locais, ganhando a visibilidade de muitos irlandeses que não imaginavam a gravidade da situação e como os brasileiros são tão expostos à violência. Ciclistas como ele, que trabalham pelas ruas da capital entregando comida ou transportando pessoas (Rickshaws), são vítimas comuns de ataques do tipo.

A reação da comunidade brasileira

Cansados de temer andar nas ruas da cidade e verem seus conterrâneos sofrerem, uma turma de brasileiros se reuniu para discutir medidas e soluções para lidar com esse problema que tem tirado o sono de muitos. No debate, foi discutido como a polícia local deveria ser abordada em todos os casos e como as autoridades ainda não agiram em relação a um problema local que pode acabar afastando os estudantes que movem uma indústria de 700 milhões de euros na economia do país.

O primeiro protesto ocorreu no último sábado, dia 2 de março e ganhou notoriedade e apoio de vários locais, principalmente professores e funcionários de escolas de inglês, famílias que empregam brasileiros como babás e faxineiros, colegas de trabalho em cafés, pubs e restaurantes e até gerentes de funcionários brasileiros. “É vergonhoso saber que vários visitantes investem no país, fazem trabalhos que ninguém quer e ainda são tratados dessa forma.” Argumentou uma irlandesa.

O movimento ainda precisa de mais visibilidade da mídia local para alcançar seus objetivos, mas este é só o começo de uma luta que até os próprios irlandeses irão se beneficiar. Um dos maiores motivos pelos quais o brasileiro migra pra Irlanda é por causa da segurança. Portanto, torcemos para que com o apoio da comunidade local a polícia tome providências e estabeleça medidas para reduzir os índices de violência urbana na capital.

Author: Thiago

Mudei-me para a Irlanda 2012. Trabalho como administrador de empresas e viajo muito para a Europa com meu trabalho. Gosto de escrever e de atletismo durante minhas férias e tento visitar amigos e familiares todos os anos no Brasil.
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